Como se o homem precisasse de arma!

Até quando qualquer pessoa poderá andar por aí com uma arma?

Antigamente, (numa época não tão péssima) porte de arma era "artigo de luxo", digno de funções estabelecidas e avaliação de caráter. 
Ninguém precisava de uma arma. Talvez pela eficácia da segurança militar, ou na melhor das hipóteses, pelo regime ditatorial. 
Então tudo deu uma revira-volta e iniciou-se o processo da "Terra do Não Tem Não!".

Não sabe o que é a "Terra do Não Tem Não!" ? Como não? Você vive nela! Está com seus pés sobre ela. Aqui tudo pode. Não é assim que funciona?

Pois bem, implantado o novo governo, a frase mudou para: 

- Fulano tem uma arma, é mais seguro. Vou tirar um porte!


Passou-se um pouco mais de tempo, e a coisa multiplicou!  Quando piscou-se os olhos, para todo lado que se olhava comprava-se uma arma:

- Alô leiteiro! Me vê uma arma!
- Poxa camarada, só com porte... Sabe como é né...
- Aqui o porte! Tirei essa semana!

E lá ia o leiteiro, o padeiro, o açougueiro ou qualquer Zé Ninguém vendendo arma. Ah, mas claro! Só mediante a apresentação do maldito porte!

As coisas continuaram, continuaram até que chegamos ao parâmetro atual:

- Ô Maria! Esquenta a janta aí, que eu vou rapidinho ali na esquina!
- Fazer o quê?
- Comprar uma arma. Tem um camarada aí ligado nas numerações raspadas!
- Não demora! Aproveite e leve a outra, que o gatilho está travado! Talvez eles troquem!

O homem das cavernas parou de atirar pedras e evoluiu para um homem das cavernas que tem um estilingue que atira fogo! É muito inteligente esse homo sapiens! Como se ele precisasse de arma para matar. 

Esse instrumento tão popular e eficaz para o aumento das taxas de mortalidade, está dando em árvore, brotando do chão e assim como o Smartphone  todo mundo tem. Não no bolso, mas na cintura, na panturrilha talvez, certo mesmo é que tem guardado em casa. Em gavetas de berço, mochilas nos guarda-roupas, no baú de brinquedos do filho caçula ou nos potes de arroz da cozinha. 

Daqui há um tempo eu deva voltar com um post retratando o novo estágio dessa situação:

- A vizinha deixou o cachorro sem comida por algumas horas e morreu.
- O cachorro?
- Não, a vizinha.
- Como assim?
- Morreu com um tiro.
- Quem atirou?
- O cachorro.

Até a próxima.



Comentários

  1. EU SEI QUE O TEXTO TEM QUE SER SÉRIO MAS TO MORRENDO COM "O CACHORRO" NO FINAL KKKKKKKKKKKKKK MUITO BOM!!!!

    Esse texto é a coisa mais... crônicas brasileiras! Ah, me senti lendo um dos meus grandes ídolos naqueles meus vários livrinhos de coletâneas! Vi uma realidade do mundo na forma irônica que te faz rir e pensar... ah que linda você!

    E tomara que os cachorros e outros bichos comecem a dar tiros mesmo. Quem sabe? Isso me lembrou George Orwell e a Revolução dos Bichos... vou parar de brisar aqui rsrsrs

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    1. LETÍCIA *-* Eu sabia que tu irias gostar! A ideia do cachorro no final foi realmente uma coisa que me veio à mente após ter assistido uma reportagem sobre homicídios. Me bateu uma revolta tão imensa que necessitei escrever algo. Sobre ser crônica Brasileira... Eu tenho estudado o assunto e praticado ^^' Que bom que está funcionando ;} E claro... As coisas andam tão sérias que a ironia é essencial, a ironia que faz rir. Quanto à se sentir lendo um dos seus grandes ídolos: FICO HONRADÍSSIMA! E muito feliz! Também penso que os animais sabendo atirar usariam desse método com menos estupidez que os humanos. #BriseiJunto.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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